Há muitos fatores que forçam a alta da inflação, e o aumento da demanda é um deles. Essa alta da demanda pode ser explicada, em grande parte, por causa da queda do desemprego e do aumento da renda do brasileiro, mas há ainda um fator cultural.
“As pessoas acabam gastando porque nunca tiveram [tanto] acesso ao crédito”, destaca Samy Dana, professor de Finanças da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EESP/FGV). “E o consumidor brasileiro não está acostumado a poupar. (...) As pessoas começam a consumir sem raciocinar do ponto de vista financeiro. Isso é um perigo muito grande.”
Segundo ele, o brasileiro se acostumou ao comprar tudo “em parcelas a perder de vista”, e, de prestação em prestação, o trabalhador acaba comprometendo mais da metade do salário.
A orientação que o professor Samy Dana dá é para que o consumidor pesquise sempre. “A grande ferramenta que a gente tem a nosso favor é a internet. Pelo menos para compras substanciais, nos sites de busca, [a pessoa] consegue localizar o melhor preço. É muito comum [a loja] inflar o preço, não dar desconto, para ter impressão de juros baixos ou até mesmo ausência de juros. É preciso pesquisar”, diz.
Outra recomendação de Dana é para que o consumidor evite o crédito. “Pague tudo à vista. Isso é um começo para não dar um passo maior que a perna.”
Para o professor da FGV, a equipe econômica deve estar atenta ao crédito. “O crédito está muito fácil. O crédito tem que ser um dos pontos de atenção que precisa ser controlado melhor para evitar a inflação”, diz. “A gente viu em outros países, a experiência americana – tudo começou assim, com crédito exacerbado.”
Para o professor de Finanças do curso de Administração da ESPM, Adriano Gomes, o cenário para 2011 é “um tanto desconfortável para a inflação”. A pressão de itens como alimentação, transportes (em São Paulo, por exemplo, a tarifa de ônibus subiu 11%) e despesas pessoais deve continuar forte e há outros pontos de atenção.
Fonte: Tribuna da Bahia Online