quinta-feira, 20 de maio de 2010

Varejo aquece para a Copa


Elielson Barsan


A 21 dias para o início da Copa do Mundo da África do Sul, a palavra aquecimento não se restringe apenas aos campos onde serão disputadas as partidas de futebol. Em Salvador, o segmento supermercadista já projeta bons índices de incremento nos negócios em função do evento esportivo. A rede de supermercados Extra, uma das maiores varejistas, por exemplo, aposta no aumento das vendas de cervejas nacionais, importadas e chopes durante o Mundial.
“Esperamos um incremento de 30% a 40% na comercialização dessas bebidas durante o período dos jogos, em comparação ao mesmo período do ano passado”, diz Renato Berber, gerente do hipermercado localizado na Avenida Luiz Viana Filho (Paralela). Ele revela que este resultado supera, inclusive, o desempenho apurado na última Copa do Mundo, em 2006, quando o crescimento na venda de cervejas ficou em 18%, em relação ao ano anterior.
Outras áreas, segundo o gerente do Extra Paralela, reforçam a certeza do aquecimento das vendas. “No setor de TV e vídeo, por exemplo, tivemos um aumento em mais de 100% em comparação ao mesmo período de 2009. As expectativas são as melhores. Essa época se configura em um excelente período”, reforça. A ampliação das vendas, de acordo com Berber, teve início com a chegada do Dia das Mães. “A venda de televisores aumentou consideravelmente e tudo isso já com vistas à Copa do Mundo”, complementa.
O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio), Carlos Amaral, ratifica as afirmações do gerente do Extra. “Na medida do possível houve crescimento, mas de pequenas variações. O comércio varejista, como um todo, cresceu entre 8% e 10%, principalmente no período do Dia das Mães, que é a segunda data mais importante depois do Natal”.
Em relação à Copa do Mundo, para Amaral, a expectativa de crescimento também gira entre 8% e 10%. “A venda de televisores modernos é uma das grandes responsáveis por essas variações. Mas só poderemos confirmar estes números após o fim da Copa. Esse crescimento só não é maior em razão da capacidade de compra diferente entre os membros da sociedade”, explica.
Para a consultora jurídica especializada em varejo Melitha Novoa Prado, a Copa do Mundo é um evento sazonal que deve ser aproveitado pelo mercado, mas com alguns cuidados. “É evidente que alguns setores faturam mais com essa festa. Mas observamos que há também, no mercado, franquias que fazem suas promoções de forma irregular, a exemplo da utilização de imagens de jogadores, sem obter a autorização devida”, alerta.
A consultora analisa que o crescimento do mercado varejista, neste período, não está relacionado apenas ao Mundial de Futebol. “Tudo isso se deve ao bom momento do Brasil, no que diz respeito ao consumo. É um movimento crescente que vem desde o ano passado. Por outro lado, a Copa do Mundo pode até atrapalhar, considerando que durante a exibição das partidas as pessoas deixam até de trabalhar”, opina.
2014 – A Copa do Mundo de 2014 vai gerar R$ 183 bilhões para a economia brasileira, num período de dez anos, a partir de 2010 e até 2019, entre impactos diretos – investimentos em infraestrutura, turismo, empregos, impostos, consumo – e indiretos, que é a recirculação de todo esse dinheiro no país, o que representa 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) acumulado no mesmo período, segundo estudo realizado por uma consultoria para o Ministério do Esporte.
Os impactos indiretos da Copa na economia do país com a recirculação do dinheiro são calculados pelo estudo em R$136 bilhões, até 2019, cinco anos depois da Copa. Um impacto pós-Copa, impossível de dimensionar financeiramente, transforma-se em turismo futuro. Além disso, as obras que modernizarão estádios nas 12 cidades-sedes, também geram riqueza e impacto no PIB. Este valor, somado aos R$ 47 bilhões dos impactos diretos, leva aos R$ 183 bilhões que o estudo calcula que a Copa vai gerar para o país.
No consumo, haverá também um fluxo de R$ 5 bilhões, causado pelas obras, que vão gerar empregos e, por consequência, uma massa salarial, entre trabalhadores permanentes e temporários. Somados, esses impactos devem incrementar o PIB em R$ 47,9 bilhões.

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