Maria Rocha
Chegou ontem a Salvador a marcha pelo abril vermelho do Movimento Sem Terra (MST) e com ela uma pauta extensa de reivindicação, uma delas é a exigência de mais celeridade no processo de desapropriação. Os cinco mil integrantes do MST ocuparam na manhã de ontem o canteiro de obras do Metrô no Acesso Norte, na Rótula do Abacaxi, o que provocou grande congestionamento nas imediações.
Hoje seguem para o CAB para protestar na sede do Incra e amanhã parte da comissão vai até Brasília, onde deverá se reunir com o presidente do órgão, enquanto outro grupo se reúne com o superintendente regional na capital baiana.
Com o superintendente regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra-BA), Luíz Gingé Fernandes, a diretoria do movimento vem se reunindo desde a quinta-feira da semana passada. Ontem, mais um encontro serviu para discutirem o tema “Obtenção de terras” e amanhã durante todo o dia deverão ficar reunidos para discutirem sobre assentamento, crédito de implantação, infraestrutura de PAs e assistência técnica.
Segundo Gingé, o processo de desapropriação das áreas improdutivas é mesmo muito lento e a maior resistência que o órgão tem encontrado é no Extremo Sul da Bahia onde se concentra as indústrias de celulose.
É nessa região, de acordo com o diretor estadual do MST, Evanildo Costa, a maior ocupação do movimento. “Só no Extremo Sul da Bahia foram oito ocupações, uma das regiões onde tem maior número de famílias assentadas”, ressaltou. A última ação dos manifestantes ocorreu no dia 20 de abril, quando 400 militantes ocuparam a Fazenda Barrinha da Veracel-Celulose, na região de Eunápolis, segundo militantes, essa é a 16ª ocupação no estado.
O destino dos manifestantes só será decidido mesmo após a reunião com o presidente do Incra em Brasília. “Se iremos continuar em Salvador ou seguir para outra cidade só depois do encontro de Brasília”, pontuou Evanildo. Enquanto a diretoria se reúne, os milhares de integrantes se instalam como podem. E não é apenas no canteiro de obras que estão abrigados.
Na sede do Incra um grupo de 120 mulheres distribuídas em nove cozinhas cuidam do almoço. São ao todo 240 pessoas entre homens e mulheres acampados na área do Instituto.
Os manifestantes que pleiteiam mais atenção do governo para a reforma agrária no País, começaram a marcha há oito dias e percorreram 108 km entre Feira de Santana e Salvador. A manifestação faz parte da jornada de lutas do MST “Abril Vermelho”, movimento que fazem todos os anos no mês de abril. Enquanto um grupo veio para Salvador, outros também fazem protesto em todo o estado.
Na pauta de negociação estão inclusas ainda o assentamento para 25 mil famílias sem terra, além de melhorias no assentamento onde estão outras 10 mil, totalmente sem estrutura. Segundo Costa, um recurso foi disponibilizado para a construção de casas, mas não foi possível por conta do baixo valor.
“Conseguimos a aprovação de R$ 8 mil para cada família, mas até agora não foi liberado e temos urgência”, exige.
Fonte: Tribuna da Bahia Online
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